RIO — Cães e gatos podem ser infectados pelo coronavírus Sars-Cov-2, mas não têm papel na transmissão da Covid-19. A afirmação é do veterinário brasileiro Hélio Autran de Morais, professor titular do Departamento de Ciências Clínicas e diretor do hospital veterinário da Universidade do Oregon, nos Estados Unidos.
Morais esteve à frente da maior revisão sobre o impacto da pandemia em animais, publicada na revista Frontiers in Veterinary Science. Ele destaca que os donos dos pets “não devem entrar em pânico”, mas salienta que outros animais, entre eles um tipo de hamster, podem, sim, se tornar reservatórios do coronavírus e dificultar o combate da Covid-19.
O caso mais recente de propagação da pandemia em animais é a descoberta de uma variante do Sars-CoV-2 transmitida de visons para pessoas e que levou a Dinamarca a anunciar na quarta-feira o extermínio de todos os 17 milhões de animais da espécie no país. O vírus mutante dificulta a produção de anticorpos e se originou de um transmitido do ser humano para o vison, criado em fazendas que vendem sua pele ao mercado da moda.
Destaco que, com base nas informações que temos, cães e gatos não se tornarão reservatórios. O vírus se multiplica muito pouco neles. Os donos desses animais não devem entrar em pânico, não há motivo para isso. Os pets devem ser tratados como se fossem membros da família e, se há alguém infectado, essa pessoa também deve se manter isolada deles. Mas essa é uma precaução, não um motivo de pânico.
Há poucos estudos, mas se estima que 15% dos cães infectados e 25% dos gatos desenvolvem anticorpos. Os outros, nem isso. Os cães não manifestam sinais, e há casos de nove gatos estudados, todos com doença leve. Há quatro relatos de morte no mundo todo, dois gatos e dois cães, mas nenhum desses casos mostrou que a Covid-19 foi a causa. Esses animais tinham Covid-19, mas não morreram de Covid-19, e sim de outras doenças.
Foi descoberta a infecção natural de cães, gatos, visons, furões, tigres, onças-pardas, leões e cães-guaxinins (espécie de canídeo asiática). Cães e gatos contraíram de seus donos. Tigres e leões de tratadores de zoológicos nos EUA. E a onça, num zoológico na África do Sul. Os visons foram infectados a partir dos funcionários de fazendas onde são criados para a produção de casacos e outras peças feitas de peles de animais.
Estudos chineses avaliaram a suscetibilidade de várias espécies ao coronavírus Sars-CoV-2 infectando animais com eles. Descobriram que galinhas, patos e porcos são resistentes, o vírus não consegue infectá-los. As vacas são pouco sensíveis, sofrem uma infecção parecida com a dos cães, o coronavírus até se replica, mas pouco, e nem sequer é excretado. O sagui também é pouco sensível. Já o macaco rhesus e o cachorro-guaxinim são como os gatos, até podem apresentar sintomas, mas sem gravidade. O vírus não se replica no rato e no camundongo. Porém, há animais em que ele pode se multiplicar com mais eficiência: o hamster e um roedor chamado rato-veadeiro. Esse nos preocupa. PUBLICIDADEhttps://eab820378a82eda4b913868984efd80b.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-37/html/container.html
Porque ele é o hospedeiro de outros vírus perigosos, como um hantavírus chamado sin nombre, que causa doença pulmonar grave. O nosso grande medo é que um animal silvestre passe a ser reservatório do Sars-CoV-2. Para ser reservatório, o coronavírus precisa se multiplicar no animal, mas não causar doença nele.
Acho pouco provável porque é difícil que o ser humano contamine um morcego.
Cães quase não têm sintomas. Já os felinos apresentaram sintomas respiratórios leves. Os visons, porém, podem adoecer com gravidade e morrer. E não apenas isso, o coronavírus sofreu uma mutação e passou a ser transmitido também deles para seres humanos.
Os visons se mostraram especialmente suscetíveis e se trata de um fenômeno 100% causado pelo ser humano. Eles são confinados para a condenável produção de pele para casacos e outras roupas. O confinamento de um grande número desses animais acabou por facilitar a transmissão. E eles realmente são vulneráveis. Tanto que passaram de volta o coronavírus para pessoas.
Esses casos estão em estudo. Mas, uma vez tendo passado para os visons e conseguido se espalhar entre eles, o coronavírus sofreu novas mutações. Uma delas conferiu a capacidade de passar do vison para o ser humano.PUBLICIDADEhttps://eab820378a82eda4b913868984efd80b.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-37/html/container.html
Na Holanda há 60 casos documentados de pessoas que contraíram o Sars-CoV-2 de visons e de duas que pegaram o vírus de vison de outras pessoas. Milhares de visons já foram sacrificados. Há fazendas com surtos de Sars-CoV-2 nos EUA, na Espanha e Dinamarca. A Rússia também tem fazendas e relatos de surtos, mas não há nada publicado.
A pandemia mostrou que o ser humano, por mais urbano que seja, está conectado com o planeta, com as florestas, os animais. Não existe saúde humana sem saúde animal. Vírus trazidos de ambientes selvagens foram espalhados pela amplificação em animais domésticos e seres humanos. Vimos isso acontecer, por exemplo, com influenza, Sars, Mers e agora a pandemia da Covid-19.
Está mais do que claro que caça, tráfico e comércio de animais silvestres são incompatíveis com o mundo se a Humanidade quiser se proteger. Essas atividades espalham os vírus pelo planeta.
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