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Lambda: Entenda o que já se sabe sobre a variante

Estudos laboratoriais preliminares realizados por pesquisadores da Universidade de Nova York e da Universidade do Chile indicam que a variante Lambda (C.37), da Covid-19, está se espalhando com rapidez pela América do Sul, mas tal fator não significa necessariamente uma ameaça humanitária séria. Até o momento, cientistas suspeitam que as vacinas existentes têm capacidade para neutralizar a cepa. No entanto, ainda não há respostas comprovadas quanto a isso, nem sobre a sua gravidade e capacidade de transmissão.

No Brasil, três casos e uma morte já estão relacionados à Lambda. No Peru, a variante já representa 81% dos casos. Argentina e Chile também veem alta de contaminações. Classificada em junho como variante de interesse (VOI, na sigla em inglês) pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a Lambda já foi rastreada em 29 países.

Entre as 20 nações latino-americanas, sete registraram a cepa. Na Argentina, ela foi responsável por 37% dos casos detectados de fevereiro a abril. No Chile, representa 32% das ocorrências listadas nos últimos 60 dias. Os países da região, porém, não têm estrutura robusta de vigilância genômica.

— Acho que parte do interesse se baseia simplesmente no fato de que há uma nova variante e ela tem um novo nome — disse Nathaniel Landau, microbiologista da Escola de Medicina Grossman da Universidade de Nova York, que estuda variantes do novo coronavírus. — Mas não acredito que haja mais motivo para preocupação do que antes de conhecermos essa variante. Não há evidências até agora para sugerir que Lambda irá ultrapassar a Delta, a variante altamente transmissível que agora domina grande parte do planeta.

Pablo Tsukayama, microbiologista da Universidad Cayetano Heredia, no Peru, que documentou o surgimento da Lambda, concorda. Segundo ele, a América Latina tem “capacidade limitada” para realizar a vigilância genômica e investigações de acompanhamento laboratorial das novas variantes. Isso resultou em lacunas nas informações, alimentando a preocupação sobre a Lambda.

— Não acho que será pior do que qualquer um dos que já temos — avaliou. — Sabemos tão pouco que isso leva a muitas especulações.

— Não temos muitas informações, em comparação com as outras variantes — acrescentou Ricardo Soto-Rifo, virologista da Universidade do Chile que também estudou a Lambda.

Resistência às vacinas

Os estudos laboratoriais preliminares, ainda não publicados em periódicos revisados por pares, demonstram motivos para preocupação. Equipes de pesquisadores liderados por Soto-Rifo e Landau descobriram que os anticorpos induzidos pelas vacinas Pfizer, Moderna e CoronaVac são menos potentes contra a Lambda do que contra a cepa original. Ainda assim, os imunizantes são capazes de neutralizar o vírus.

Além disso, os anticorpos não são a única defesa do corpo contra o vírus: mesmo que sejam menos potentes contra a variante, outros componentes do sistema imunológico, como as células T, também podem fornecer proteção.

— A diminuição nos anticorpos neutralizantes não significa que a vacina tenha reduzido a eficácia —  disse Soto-Rifo.

Ele afirmou ainda que estudos em humanos sobre o desempenho das vacinas contra a variante ainda são necessários.

Risco de transmissão

Os pesquisadores relataram que a Lambda, como outras variantes, adere mais firmemente às células do que a cepa original do vírus, o que pode torná-lo mais transmissível.

Embora muitas perguntas permaneçam, Trevor Bedford, biólogo evolucionista do Fred Hutchinson Cancer Research Center, em Seattle (EUA), disse que não acha a cepa tão preocupante quanto a Delta e não espera que se torne tão dominante globalmente.

— A Lambda já existe há algum tempo e, por exemplo, quase não atingiu os Estados Unidos, como foi o caso da Gama, variante identificada pela primeira vez no Brasil — contou. — Acho que toda a atenção deve estar na Delta.

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