Seleção olímpica deslancha na etapa final, bate Arábia Saudita e vai às quartas de finais da Olimpíada.
A seleção olímpica chega ao mata-mata como um time que parece mais seguro com a bola do que sem ela. Diante da Arábia Saudita, rival mais organizado da fase de grupos, o Brasil passou de um primeiro tempo desconfortável a uma segunda etapa dominante. Não era possível esperar que, em Tóquio, se exibisse pronta e sem imperfeições uma equipe que jamais atuara junta antes da estreia no torneio
André Jardine viu individualidades se afirmarem nesta primeira parte fase. Bruno Guimarães parece definitivamente ser o condutor da equipe. Especialmente no segundo tempo, quando a seleção se instalou na metade de campo saudita para tentar tirar o 1 a 1 do placar, o meia do Lyon ditou o ritmo. No ataque, Richarlison vai entregando gols e entendimento com Matheus Cunha. Já este último vive entre a imprecisão nos arremates e a grande contribuição que dá ao funcionamento coletivo da seleção.
Com a bola, o time mostra ideias claras e soube se adaptar a diferentes cenários. Atacou rápido contra uma linha defensiva adiantada a Alemanha na estreia; dias depois, soube se organizar com um homem a menos diante da Costa do Marfim; já contra os sauditas, fez seus dois primeiros gols pelo alto, é verdade, mas desatou o nó do jogo a partir de um volume de jogo criado pelo controle da bola no campo ofensivo.
No primeiro tempo, apareceram os pontos de preocupação. Mesmo quando saiu na frente, na cabeçada de Matheus Cunha, a seleção não controlava tanto as ações. O time tinha alguma dificuldade para sair de trás sob pressão, mas se enrolava mesmo após perder a bola no ataque. O time gosta de pressionar no campo ofensivo, mas sempre que era batido oferecia muitos espaços. Em especial pelos lados, já que Daniel Alves se soma ao ataque quase que como um meia, enquanto Guilherme Arana é responsável por abrir campo quase como um ponta na esquerda.
Outro ponto do sistema defensivo que não parece afinado é a bola aérea. Foi assim que os sauditas chegaram ao 1 a 1. Diante dos alemães, o problema já se apresentara.
O Brasil do segundo tempo teve muito mais controle e ofereceu menos contra-ataques. Instalado no campo rival, viu Bruno Guimarães dominar o meio. Ao lado dele, Matheus Henrique substituiu Douglas Luiz mas não se limitou à proteção da defesa. Quando buscou se aproximar da área rival, construiu boas jogadas, uma delas desperdiçada por Matheus Cunha.
Nesta etapa da partida, a seleção exibiu padrões claros. Arana abria campo pela esquerda, fazendo Claudinho sair da ponta e trabalhar como meia. Pelo centro, Matheus Cunha e Richarlison voltavam a exibir ótimo entendimento como dupla ofensiva: um deles recuava alguns passos, participando da troca de passes, enquanto o outro atacava o espaço em profundidade. Pela direita, Daniel Alves se apresentava como mais um meio-campista, enquanto Malcom, que substituiu Antony no intervalo, ficava mais aberto na ponta.
O gol veio em outra bola aérea, é verdade, mas o Brasil jogava melhor. Malcom, que deu sequência à maioria das jogadas, exibiu credenciais para brigar por um lugar no time. Já Reinier, que entrou no lugar de Claudinho a 20 minutos do fim, mostrou que pode mudar a cara de algumas partidas justamente por ser um jogador diferente do meia do Bragantino. É menos um armador, um meia ofensivo, e mais um segundo atacante que busca se mover sempre na direção do gol. Partindo do lado esquerdo, buscou a área e deu a Richarlison o terceiro gol.
É difícil ser brilhante no contexto do futebol olímpico, cheio de improvisos. Mas o Brasil produz o suficiente para disputar o título.
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