Três pacientes do Ambulatório de Saúde Integral para Travestis e Transexuais do Complexo de Doenças Infectocontagiosas Dr Clementino Fraga passaram por procedimento de transsexualização nessa quarta-feira (11). Foram duas mastectomias masculinizadoras e uma histerectomia. Os procedimentos aconteceram na Maternidade Frei Damião, hospital que também faz parte da rede de saúde do Governo da Paraíba.
O caminho para realizar o processo transexualizador é longo, mas necessário. São pelo menos dois anos sendo acompanhado por uma equipe multiprofissional, com psicólogo, psiquiatra, endocrinologista, assistente social e cirurgião. Essa trajetória garante que o processo é sério, bem pensado e seguro para o usuário.
O coordenador do Ambulatório TT, Sérgio Araújo, explica que para começar o processo transexualizador a pessoa precisa ter no mínimo 18 anos. “O primeiro passo é procurar um centro de referência. Eles são nossa porta de entrada. Com o encaminhamento deles, pode começar todo o processo no ambulatório. É necessário que eles estejam com RG, CPF, cartão SUS, comprovante de residência”, disse.
O diretor geral do Complexo, Gilberto Teodózio, disse que a cirurgia traz grandes benefícios aos pacientes. “A cirurgia faz com que o tórax fique anatomicamente masculino. Isso possibilita o conforto nos relacionamentos pessoais, autoconfiança e auto-estima. E isso é muito importante para o usuário”.
O mastologista Alírio Virgolino Nóbrega Junior, um dos mastologistas que atendem no Ambulatório TT, explicou que o procedimento pode durar de duas a três horas. “No pré-cirúrgico fazemos todos os exames para saber sobre a saúde das mamas. Durante a cirurgia, temos o cuidado de minimizar a perda da sensibilidade e cicatrizes e criar um contorno torácico masculino esteticamente agradável, de preferência num único tempo cirúrgico”, disse.
Joaquim Dante Passos da Costa, um estudante de 35 anos, sabe muito bem como foi essa espera, pois se passaram seis anos desde o primeiro contato com o Ambulatório TT até o momento da cirurgia. Ele fez uma mastectomia masculinizadora no início de outubro.
Dante lembrou que todo o processo pelo qual passou foi de extrema importância para o sucesso do procedimento. “A gente chega ao Ambulatório TT muito confuso, não temos informação direito e o atendimento nos esclarece. A gente acha que as coisas têm que ser automáticas, mas é necessário fazer os exames, tomar os hormônios, ter encaminhamento do psiquiatra…”
Ele disse que a cirurgia mudará tudo na sua vida. “A primeira coisa é poder respirar melhor, sem a faixa que usava para comprimir os seios. As pessoas iam abraçar, por exemplo, em um aniversário e sentiam a faixa. Quando perguntavam o que era aquilo, era constrangedor”, relatou.
A unidade do ambulatório TT do Clementino Fraga é pioneira no Nordeste. A Secretaria Estadual de Saúde também oferece um ambulatório TT em Campina Grande, que fica no Hospital de Emergência e Trauma de Campina Grande.
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